Faltou dizer
Artigo para quarta, 6-8-14
…Apolinário Ternes
A questão da não duplicação das rodovias BR 470 e 280, no Vale do Itajaí e no Norte, tem sido alvo da mídia e de manifestações de lideranças políticas e empresariais. De fato, são chocantes o atraso e a desconsideração do governo federal em relação às duas rodovias. As explicações são múltiplas e seguem cardápio variado, onde uns e outros debitam a omissão criminosa do Estado contra a população.
Por que a duplicação não sai? Por que Brasília não se sensibiliza? Por que os políticos não são atendidos? Nem os empresários? Por que a centralização? Em passado não muito recente, a centralização do poder, através dos bancos estaduais, funcionou como gigantesco moedor de dinheiro. Os governadores usaram os bancos para todo e qualquer negócio, menos para o crescimento. Endividaram os estados brasileiros de tal forma, que a solução exigiu a transferência das dívidas para a União, para salvar o país de um calote, do tipo que a Argentina repete a cada dez anos.
No lugar da descentralização, se fez, por óbvia urgência, a centralização do poder. E assim, o país acabou engessado na confusão atual, onde só o poder político faz com que saiam as obras. Muito mais caras e com atrasos sem fim e custos finais quintuplicados. Santa Catarina não tem poder político. Fala mais baixo que o Piauí e tem menos competência que o Maranhão. Aqui todos apóiam o governo e quem é do governo, na lógica de Brasília, tem que ajudar. Não temos representação de poder. Mesmo juntando governador e vice, três senadores, 16 deputados federais, 40 estaduais, 300 prefeitos e mais de mil vereadores. Junte, ainda, Fiesc, Facisc e as Associações Empresariais. Somados, não conseguem produzir ruído em Brasília. No máximo, tímido sussurro. O Planalto dá o troco: bonzinhos, que esperem! As BRs, portanto, ficarão assim por bom tempo. Uma década, no mínimo. Serão feitas aos pedaços, a custos inimagináveis. Nem Kafka conseguiria entender os absurdos que nos governam, apesar de eleições regulares, a custos altíssimos, em urnas eletrônicas. Como agora.