A saída teológica
Artigo, 4-07-15
— Apolinário Ternes
O 21 será o século da experimentação. Depois do espetacular fracasso da experiência comunista, o capitalismo é a bola da vez. Vivemos, talvez, o clímax de múltiplas incertezas. Não só na Grécia, mas na China, na Índia, na Rússia. O único país que, de novo, não deu certo, é o nosso. Mesmo assim, somos a sétima economia do planeta. Lula e Dilma, sabemos, enterraram as possíveis esperanças. No STF elas terão o carimbo da ‘convicção jurídica’. Teremos cenários de Dante, no santíssimo reconhecimento da mediocridade atual.
Na economia e na política, vivemos sob o signo da incerteza. Para muitos, de frustração mesmo. Se a economia está dando nó em pingo d’água, na política o que vemos é o triunfo da irresponsabilidade. Endividados, governos mantém gastos em publicidade. Santa Catarina emplaca campanha sobre as delícias da natureza na mídia nacional. O hotel de Dilma nos Estados Unidos custou 11 mil dólares por noite. Três noites, mais de 100 mil reais. A criminalidade avança, o desemprego bate à porta e o ensino recupera meses de greve em semanas de trabalho. Daqui a pouco, teremos milhões de formados nos cursos de fim de semana em busca do emprego prometido na hora da matrícula.
Nó cego: no capitalismo e na política, na produção de discussões radicais na Internet, o novo mundo de alienados e idiotas, no dizer de Umberto Eco. A mídia deveria refletir e avançar caminhos, mas é pautada pela esquizofrenia da Internet, observa Eco, um pensador de 83 anos. Menos conhecido no Brasil que o sertanejo de Goiás, tornado célebre depois de morto. Como disse outro pensador – Zingmut Bauman – a vida nossa de cada dia está-se tornando experiência virtual. O velho Marx profetizou: tudo que é sólido desmancha no ar, Manifesto Comunista de 1848. O que não se dissolve no ar, contudo, é o fundamentalismo corrupto-autoritário dos donos do poder. Aqui e em boa parte do planeta. Fora do silêncio pessoal, resta a algazarra da Babel que edificamos nos dois últimos séculos. O recolhimento místico-teológico parece a saída possível.