A mente global
Depois de uma retirada forçada e ainda por interferência dos deuses, nada produzi nos últimos meses, esperando que a devassidão política esfriasse os ânimos. Sabemos que Bolsonaro preferiu o exílio na Flórida a responder pelos ‘maus feitos’ de quatro anos, diria Dilma, a ungida. O salto no infinito, de Bolsonaro a Lula, é tão somente o desespero absoluto de um país à procura de uma saída.
Nessa estratégia da prudência, não só o Brasil mudou. Mudou o mundo e, de novo, para sempre. A pandemia destravou a era digital e agora coloca a inteligência artificial no cotidiano das pessoas. Todos nós estamos envolvidas nela e é nela que conheceremos o futuro. E o futuro, dizem especialistas em futurologia, não é tão cativante. As transformações não serão no padrão das que ocorreram desde o início dos anos 1900, com todo pacote de modernidade embutido em mudanças radicais. Só para comparar, o uso da inteligência artificial, que usamos sem saber quando chamamos uma condução ou acionamos o Google, será tão veloz e tão feroz quanto tudo o que tivemos até aqui multiplicado cinco vezes. Sim, desde textos escritos por máquinas até cirurgias a longas distâncias, feitas por robôs, infinitamente mais precisas dos que as feita por mãos humanas.
Estamos no primeiro instante da sociedade do conhecimento. Sim, vamos viajar em dimensões surpreendentes e os limites não serão mais distâncias a velocidade da luz, mas transferências bidimensionais, nos transferindo nas placas tectônicas do universo. Não há limite, como sabemos agora. Não apenas em combustíveis quase invencíveis, mas principalmente em matéria de imersões do cérebro em dimensões hoje não totalmente descobertas, mas possíveis com a inteligência artificial aplicada.
O futuro começou, como sabemos. E tudo ou quase tudo que validamos hoje estará desconectado irremediavelmente em pouco tempo. É lixo tóxico e descartável. No mundo de daqui a pouco, imagino que sistemas políticos e econômicos em uso hoje em boa parte do planeta, terão sido descartados e substituídos, mesmo o regime capitalista e o sistema denominado há séculos como democracia. Nada de voto, muito menos urna eletrônica. Nada de parlamentos ou partidos políticos. Fundo partidário, nem pensar.
De certo modo, em pouco tempo, não seremos como somos hoje. Chips eletrônicos previamente programados controlarão hordas de novos bárbaros mundo afora. Não haverá por aí prefeitos e vereadores, governadores e deputados, tudo integralmente descartado no mundo global, de um único dirigente para todo o planeta. Filosofia e felicidade, na perspectiva de um futuro a pouca distância não existirão mais e escola e professor há muito terão deixado de existir. Tomaremos comprimidos de conhecimento, ou renovaremos os chips, alterando comportamentos eventualmente desaconselhados pela direção geral. O cenário que a humanidade navegará em pouco tempo, dizem os que estudam o assunto, será de plena rudeza. O homem sapiens estará deixando de ser o que tem sido nos últimos cem mil anos. Sim, é a lei do mais adaptável, difundida desde Charles Darwin, em 1859. Estamos a caminho de uma transformação espetacular. O nome desse futuro chama-se inteligência artificial, que comandará tudo e todos em todos os lugares.
Haverá então, um comando central e apenas inimigos externos. De outras galáxias ou até mesmo da nossa Via Láctea. Sim, um mundo estranho, em que seremos todos apenas uma mente global. Então, subversivo será imaginar-se um ser individual, com autonomia, como no passado. Quase como agora, em que muitos vivem em bolhas digitais, imaginando que continuam no comando de si mesmos.