Mandela
Artigo para quarta, 11-12-13
— Apolinário Ternes
Difícil não escrever sobre Mandela. Mais difícil, escrever. Não tenho lembrança de unanimidade semelhante nas últimas décadas. Alcança a memória os funerais do Papa João Paulo 2, igualmente personagem mundial, ainda que vinculada a uma religião, a um credo e à organização mais antiga do planeta. Mandela é de outro credo, de outra organização e de propósitos terrenos e imediatos, não os de ordem espiritual voltados à eternidade. A aldeia de Mandela não se compara aos luxos do Vaticano.
Por que repercussão tão grande? Porque a luta de Madiba é anterior ao evangelho de Cristo. O mundo já era antigo, quando surgiu o cristianismo e seus preceitos de amor ao próximo e bem aventuranças. Não se conhece civilização sem os defeitos do racismo, da opressão, da escravidão e de excluídos. Vivemos assim, em boa parte do planeta por milhares de anos. A África do Sul é apenas o último retrato da incapacidade dos homens de se respeitarem a si mesmos. Talvez Darwin tenha mesmo razão, trata-se da luta do mais apto. Questão de sobrevivência.
Mandela excita a imaginação de todos porque realiza de forma plena o ideal íntimo de integridade. É um sólido exemplo de princípios e disciplina. Um modelo, ainda, de simplicidade e desapego aos valores mundanos do poder, do dinheiro e da fama. Enfim, um homem íntegro. Negro e de uma tribo desconhecida, escalou a glória de converter uma nação inteira e servir de exemplo a poderosos e humildes de todas as épocas. Mandela se despede da vida terrena para ingressar no seleto grupo dos mitos modernos. Mandela encarna princípios de divindade e humanidade, tendo dedicado a vida ao supremo ideal de ver seu povo respeitado pelo colonizador europeu. No final, resta apenas uma pergunta: o homem conseguirá a fraternidade e a igualdade antes de se extinguir no holocausto da ciência e da tecnologia? Na resposta, o futuro da espécie. Mandela representa a vertigem de nossas limitações mais profundas. Nossos arquétipos milenares.
0-0-0
O Ministério Público não está errado: a presença de PMs em jogos de futebol é desvio de função. Evento privado, segurança particular. Fosse o Brasil um país sério e os promotores do evento estariam no banco dos réus. A conta, inclusive a de atendimento médico-hospitalar, deve ser cobrada dos mesmos.
0-0-0
As vendas de Natal serão decepcionantes? O sinal vermelho acendeu entre os lojistas. O mesmo que há mais tempo pisca no setor industrial.