Negócios
Artigo para sábado- 9-11-13
-Apolinário Ternes
Num fila qualquer, o amigo foi direto: -‘os negócios, como vão?’ Logo percebi, era para preencher o tempo. Não escondi o jogo. Fui dizendo que estava como o Brasil, em maré mansa. Sabe, disse baixinho, o PIB não cresce como antigamente. O vermelho ronda a gente de alto abaixo.
Fui desfolhando a margarida: não sigo a maioria e nem o governo. Estou em pleno regime de contenção. Corto gastos, reduzo investimentos, só faço aplicações de pouquíssimo risco e fico de olho no déficit. Nada de turismo em Miami e avanços no cartão de crédito. O regime é de desaceleração do crescimento. Faço quase tudo ao contrário do que o governo faz. Ele gasta, eu desgasto.
-‘Cara, a vida é curta e você não curte’? Curto, respondi. A meu modo. Em muitas áreas passei de investidor a cliente. Veja o caso do Banco do Brasil, lá sou cliente ‘importante’, com gerente em carne e osso de minha conta. Nada de gravações e dígitos. Não aplico em ações, fundos ou renda fixa e variável. Nada varia, aliás. Controlo apenas um Fundo, o FGTS, que rende pouco. Na área das telecomunicações, pago várias contas: tevê a cabo, internet, telefone, plano de saúde, etc.
Há muito deixei aplicações de risco. Depois do caso Eike, sei não. É melhor pôr as barbas de molho. Tem gente que não quer vê-lo nem pintado. Outros dariam o resto para vê-lo olho no olho. Ele não fez direito. Foi investindo, quando o momento era de ‘desinvestir’. Isso os economistas não ensinam, quando cair fora. Na infraestrutura, pago o consumo de gás, energia, pedágios, etc. Não invisto em portos e aeroportos.
Na área da saúde, sou bem tratado, não como investidor. Como paciente. Outro dia, no hospital, nem dei entrada, seguido de familiares e veio uma moça simpática com um baita sorriso. ‘Aqui o senhor é especial. Vamos ali, sentar na poltroninha. Em seguida levamos ao doutor’. E fui. De cadeira de rodas. Apesar da dor no peito, senti vontade de chamar a mocinha para dois dedos de prosa, tal o desvelo daquele olhar. Depois soube que era ‘protocolo para pessoas idosas com dor no peito e falta de ar’. Fiquei surpreso: nada de corrente, cadeado ou cartazes. Tudo limpo, direto e com aquela moça. Tenho até vontade voltar lá, não fosse o ar condicionado, frio de matar. Sabe, acho que a mídia exagera.
Feliz mesmo é vida da terceira idade, ao redor dos oitenta. Vamos chegar lá, cara. Você não vê na televisão: sempre sorridentes, praticam esportes, viajam o tempo todo, caminham. Namoram. Não é uma alegria saber que também vamos chegar lá? É, resmungou o amigo, indo embora sem dizer tchau.
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Alguns serviços funcionam. No DETRAN da cidade, por exemplo. O atendimento é eficiente e rápido.
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Dilma está voltando. Repetirá promessas, inaugurará discursos, inspecionará a ponte do delírio em Laguna e, de novo, irá garantir o início de muitas obras.