Prefácios e Agradecimentos
“ A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um dos fenômenos mais característicos e lúgrubes do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no final do segundo milênio.”
O parágrafo pertence ao prefácio de “Era dos Extremos”, de Eric Hobsbawm, um dos mais eminentes historiadores do século 20 e autor de vasta obra centrada nos últimos três séculos. A transcrição serve como síntese do espírito que também norteou o presente livro.
Inicialmente concebido como parte do projeto de comemoração dos 90 anos da Associação Comercial e Industrial de Joinville, e publicado em meses alternados nas páginas de A NOTÍCIA durante o ano de 2001, a história da evolução econômica de Joinville ao longo do século 20 ganhou imediata repercussão e leitura atenta de milhares de joinvilenses que puderam acompanhar as diferentes fases e ciclos em que se estruturou o crescimento espantoso da economia da antiga colônia Dona Francisca.
As seis grandes reportagens estão aqui publicadas permitindo não apenas a perenidade do texto e das informações, mas principalmente com o objetivo de, através do livro, garantir a vinculação das atuais e futuras gerações com o “passado público de Joinville.
Os capítulos se subdividem em seis grandes e excepcionais momentos da evolução da nossa economia. No primeiro – “Os fundamentos do processo econômico” – é traçado um retrato das condições em que Joinville chega ao século 20, decorrido o primeiro meio século de sua fundação. Sem energia elétrica, iluminação pública; sem automóveis e nenhuma rua pavimentada, a então chamada Colônia Dona Francisca tinha população de apenas 19.847 habitantes e mesmo assim já se apresentava como a mais promissora das cidades catarinenses. Existia um “espírito de empreendedorismo” trazido pelos imigrantes europeus que diferenciava a colônia de todas as demais cidades do Sul do Brasil.
No segundo capítulo – “ A primeira industrialização – 1920 – 1945” – Joinville conheceria seu primeiro salto rumo à industrialização. Em 25 anos, a colônia se transforma num emergente pólo econômico e surgia, em l938, a primeira grande “fábrica” , a Fundição Tupy, pioneira do ferro maleável na América Latina e que se transformaria nas duas décadas seguintes na maior empresa de Santa Catarina.
“Urbanização e industrialização – 1945 – 1964 –“ mostra a evolução de Joinville em dois grandes setores: na economia e no urbanismo. Participando do “salto de desenvolvimento” vivido pelo Brasil no pós-guerra, Joinville se consolida como importante pólo industrial do Sul. Com índices espantosos de crescimento populacional, a cidade e os governantes enfrentam os desafios de uma evolução demográfica que produziu em poucos anos a multiplicação da população em pelo menos cinco vezes.
No capítulo quatro – “ o grande salto da economia – 1964 – 1977 “- mostra-se que no período pós instauração do regime militar Joinville também se alinhou como um dos principais centros de desenvolvimento do país, oportunidade em que grandes empresas como Consul, Tupy e a então Companhia Hansen – atual Tigre – ao lado da nascente Embraco, sofreram novos e ainda mais vigorosos saltos de crescimento.
Nos capítulos cinco e seis, denominados respectivamente “Tem início a transição de cidade industrial para pólo de serviços – 1977 – 1997 “- e “Serviço, comércio e cultura – 1997 – 2001”- mostra-se o processo de modernidade e de globalização que Joinville continua desenvolvendo neste início do século 21 e do terceiro milênio.
Assim, em panorâmicos seis capítulos se interpreta e se analisa o que foi a economia de Joinville ao longo de todo o século 20. Nascida como modesta colônia, com cerca de 200 fundadores, Joinville conclui os seus primeiros 150 anos de vida como protagonista de uma das mais brilhantes e fascinantes jornadas já vividas por qualquer uma das quase cinco mil cidades brasileiras.
Como enfatiza Hobsbawm, a história e os historiadores servem para lembrar o que os outros esquecem. Reconhecer personagens, ciclos e as épicas realizações das gerações passadas sempre será, no caso de Joinville, motivo para inspiração e ousadia. Inspiração e ousadia que os mais jovens precisam para construir o presente o futuro, aos quais mais se destina a presente obra.
Agradecimentos precisam ser apresentados a duas das mais importantes instituições da cidade: a generosa confiança depositada no autor para a elaboração das matérias pelo Associação Comercial e Industrial de Joinville e ao jornal A NOTÍCIA. Também à parceria desenvolvida com o Badesc – agência catarinense de fomento S/A – que viabilizou a publicação da série e também do presente livro.
Apolinário Ternes
Março de 2002
Obras do Autor:
“A última esperança” ( teatro ) – 1969
“Joinville, 1851-1975” em co-autoria com Cyro Ehlke – 1975
“ O Aprendiz da Esperança” ( poemas) – 1978
“ História de Joinville, uma abordagem crítica”; 1981 – 2ª edição/1984
“ História do jornal A NOTÍCIA – 1983
“ Bom Jesus – 60 anos de história”- 1986
“História Econômica de Joinville” – 1986
“História da WEG” – 1986 – 2ª edição 1997
“ A Estratégia da Confiança” ( Grupo Tupy) – 1988
“O desafio por ideal” (Escola Técnica Tupy) – 1989
“ O vôo do Condor” ( Grupo Klimmek) – 1989
“ Os manuscritos de Von Klopper” ( novela) – 1991
“Sociedade Cultural Lírica”- 1992
“Joinville, a construção da cidade”- 1993
“Carlos Gomes de Oliveira ( biografia) – 1994
“Os soldados do Imprevisível” (Bombeiros/100 anos) – 1994
“Cultura e Modernidade” ( ensaios) – 1997
“Legislativo de Joinville” – 2000
“Joinville – 150 anos” ( organizador) 2001
“Dona Francisca- Imperial estrada da Serra”- 2002
“ A economia de Joinville no século 20”- 2002
“História de Joinville”( Cronologia) – 2002